O principal fator de risco para o câncer de rim é o tabagismo, mas isso não significa que quem não fuma está livre da doença. Há outras possíveis causas, como obesidade e pressão alta, além de doenças renais e uso extensivo de diálise. Porém, em cerca de 5 a 8% dos casos, o câncer de rim poderá ser desenvolvido por causa de fatores genéticos, ou eja síndromes hereditárias.
Esse nome é dado quando uma pessoa tem uma mutação genética que predispõe para um determinado tipo de doença. A mutação pode estar presente desde o nascimento e aumentar o risco de desenvolver um câncer, assim como pode também nunca evoluir ou se manifestar de algum modo.
A síndrome hereditária pode ser percebida quando há, dentro de uma família, vários casos de um mesmo tipo de câncer, ou quando a pessoa desenvolve o câncer em idade mais jovem (geralmente antes dos 45 – 50 anos). Caso mais de um parente próximo tenha tumores nos rins, pode ser necessário uma investigação com especialistas de oncogenética para saber se há ou não alguma mutação.
Entretanto, um ponto de atenção: quando uma pessoa tem câncer, isso não significa que seus filhos terão risco aumentado de também ter a doença. Essa chance aumenta somente no caso de os tumores serem decorrentes das mutações genéticas - e essas sim, podem elevar o risco de um câncer no rim.
A chance de uma mutação passar do pai ou da mãe para o filho, geralmente, é de 50%. Quando uma pessoa sabidamente tem uma síndrome hereditária, o recomendado é o monitoramento constante para que, caso a neoplasia se desenvolva, ela seja diagnosticada e tratada de forma mais precoce possível.
Quais são as principais síndromes hereditárias que aumentam o risco de câncer de rim
Doença de Von-Hippel Lindau (VHL): síndrome hereditária rara, causada por alterações no gene VHL, cuja função é impedir que as células cresçam e se dividam muito rapidamente. Quando ela sofre mutação e perde sua função protetora, o crescimento desordenado pode aumentar o risco de câncer de rim e também de cistos no órgão. É associado a um tumor renal que costuma crescer de forma mais lenta. A Síndrome Von-Hippel Lindau também é associada ao aparecimento de tumores malignos e benignos em outras partes do corpo, como pâncreas, retina, sistema nervoso central e glândulas suprarrenais.
Síndrome de Birt-Hogg Dubbe (BHD): doença associada à mutação no gene FLCN, que, assim como o VHL, sua função é impedir que as células cresçam e se dividam muito rapidamente. Quando esse gene sofre mutação, o risco de câncer nos rins aumenta, assim como de tumores de pele (chamados fibrofoliculomas), de cistos pulmonares e de pneumotórax espontâneo (chamado também de pulmão colapsado).
Carcinoma Renal Papilífero Hereditário: síndrome associada ao gene MET, envolvida no crescimento celular, que, quando sofre mutação, pode aumentar o risco de um câncer de rim chamado câncer renal papilar, que geralmente é de crescimento mais lento, que se forma em tubos muitos pequenos do órgão chamados túbulos renais.
Leiomiomatose Hereditária e Câncer de Células Renais (HLRCC): essa síndrome é causada por uma mutação no gene FH, que produz uma proteína chamada fumarato hidratase e, que auxilia as células a usarem oxigênio e produzirem energia. Quando o gene sofre a mutação, as células não conseguem usar o oxigênio e pode elevar o risco de as pessoas terem câncer de rim, principalmente os homens. É uma das síndromes mais comuns e pode desenvolver também leiomiomas (tumores benignos) na pele, miomas no útero e paragangliomas (tumores benignos próximos às glândulas suprarrenais, vasos sanguíneos ou nervos).
Existem outras síndromes hereditárias, associadas a vários tipos de câncer, que podem aumentar o risco de aparecimento de tumor maligno nos rins. É o caso, por exemplo, das síndromes de Li-Fraumeni, Perlman, Beckwith-Wiedemann e Fraser, que podem ser responsáveis por surgimento de câncer renal em crianças, chamado Tumor de Wilms.