Ao acompanhar a evolução dos pacientes durante cinco anos, estudo mostra que pacientes submetidos à cirurgia robótica tiveram complicações duas vezes menos comuns de incontinência urinária e três vezes menos de disfunção erétil. Dados estão publicados no Journal of Robotic Surgery, revista científica do grupo Nature.
A inovação em medicina é acompanhada da necessidade de investimentos mais robustos. Para a incorporação de novas tecnologias, estudos de custo-efetividade apuram quanto foi investido no procedimento para que o paciente chegasse a determinado resultado clínico. Essa informação, que é utilizada por fontes pagadoras e profissionais de saúde no momento da tomada de decisão, é a base deste estudo publicado na edição de janeiro de 2021 por cirurgiões brasileiros no Journal of Robotic Surgery, revista científica do grupo Nature.
Os autores demonstram que a cirurgia robótica para câncer de próstata (também denominada Prostatectomia Laparoscópica Assistida por Robô – RALP), quando comparada com prostatectomia radical retropúbica (RRP), apresentou vantagens na relação custo-efetividade e custo-utilidade (qualidade de vida) quando adotadas em pacientes com câncer de próstata. Os resultados mostram que os pacientes submetidos à cirurgia robótica apresentam duas vezes menos complicações de incontinência urinária e três vezes menos de disfunção erétil. Também foram menores os eventos de recorrência bioquímica, assim como necessidade reduzida de radioterapia e novas internações.
Neste estudo, 205 pacientes com câncer de próstata localizado foram submetidos à prostatectomia radical. Os pacientes foram acompanhados por cinco anos e os dados foram analisados, retrospectivamente, com base na evolução que eles apresentaram ao longo deste período. Nesta amostra, 56 pacientes foram submetidos à cirurgia robótica (RALP) e 149 pacientes foram submetidos à prostatectomia radical retropúbica (RRP). “Para analisar o quanto cada tratamento é custo-efetivo, consideramos todos os investimentos em tratamentos primários, complementares, resgate, complicações e exames de acompanhamento”, destaca o principal autor do estudo, Dr. Renato Almeida Rosa de Oliveira, cirurgião oncológico da nossa equipe e do departamento de Uro-Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
CUSTOS TOTAIS E ANÁLISES
As duas coortes (RALP e RRP) foram simuladas com um número hipotético de 1000
pacientes em cada grupo.
Os custos totais e médios, respectivamente, foram: - R$ 1.903.671,93 e R$ 12.776,32 para o grupo RRP - R$ 1.373.987,26 e R$ 24.535,49 para o grupo RALP
Embora tenha havido maior investimento em cirurgia robótica, a análise de custo-efetividade demonstrou vantagem na utilização da cirurgia robótica, pois os dados apontaram que esses pacientes apresentaram duas vezes menos complicações de incontinência urinária e três vezes menos disfunção erétil, com custos dentro dos parâmetros estabelecidos para a economia brasileira. “O uso de RALP deve ser incentivado, dada a magnitude dos ganhos, embora represente aumento de custos relacionadas com a introdução da tecnologia”, destaca Dr. Renato Oliveira.
Os autores afirmam também que as análises de custo-efetividade devem ser consideradas pelos vários players do mercado, a fim de manter a viabilidade e rentabilidade das instituições e gerar valor para os pacientes. Apesar dos achados do estudo, as evidências das vantagens de custo-efetividade da RALP ainda são limitadas e novos estudos padronizados são necessários.
Referência do estudo:
de Oliveira RAR, Guimarães GC, Mourão TC, de Lima Favaretto R, Santana TBM, Lopes A, de Cassio Zequi S. Cost-effectiveness analysis of robotic-assisted versus retropubic radical prostatectomy: a single cancer center experience. J Robot Surg. 2021 Jan 8.