O útero é um dos órgãos que fazem parte do sistema reprodutor feminino e é constituído por duas porções, corpo e colo. O útero tem um formato de uma pêra, sendo o corpo do útero a parte superior e o colo do útero a região mais baixa e estreita do órgão que possui uma abertura central (canal cervical) que liga o interior do útero à cavidade vaginal – local onde ocorre a eliminação do fluxo menstrual e a entrada do espermatozoide. É através do colo uterino que também se dá a passagem do feto durante o parto. Já o corpo do útero é a porção superior e é constituído por três camadas: a camada interna, chamada endométrio, a camada intermediária, chamada de miométrio, e a camada externa, chamada serosa. O endométrio é a camada que habitualmente se descama mensalmente e é eliminada na menstruação.
O câncer pode se desenvolver tanto no colo do útero como no corpo do útero (endométrio) e em cada uma das regiões a doença tem características diferentes. Vamos entender cada uma delas.
Câncer do colo do útero
O câncer do colo do útero é também chamado de câncer cervical. O risco de câncer do colo do útero aumenta com a idade, ele é mais frequente em mulheres acima dos 40 anos, o que não significa que não possa ocorrer abaixo desta faixa etária. A doença, geralmente, não apresenta sintomas em fases iniciais e tem desenvolvimento lento. Primeiro as células passam por alterações inflamatórias que podem evoluir para lesões pré-cancerígenas, denominada NIC (neoplasia intraepitelial cervical) que se não tratadas, podem desenvolver uma neoplasia invasiva ou câncer.
O principal fator de risco para desenvolvimento desse tipo de câncer é a infecção pelo HPV – Papilomavírus Humano, transmitido pelo contato sexual, que é responsável por cerca de 80% dos casos, porém, outros fatores de risco podem estar associados como: início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais, história prévia ou presente de doenças sexualmente transmissíveis, ter tido muitos filhos, tabagismo e imunossupressão.
Alguns sinais devem chamar atenção com a necessidade de avaliação médica, dentre eles: secreção, corrimento ou sangramento vaginal incomum, sangramento ou dor após a relação sexual e dor pélvica e desconforto urinário ou intestinal.
É importante que todas as mulheres realizem o exame de Papanicolau regularmente para fazer o rastreamento da doença precocemente e se detectada anormalidade que seja acompanhada e tratada. Também é possível prevenir o câncer de colo do útero com a vacina contra o HPV, disponível gratuitamente na rede pública de saúde para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos, em duas doses aplicadas com intervalo de 6 meses entre as doses.
Câncer de corpo do útero
O câncer de corpo do útero, também chamado de câncer de endométrio é mais frequente em mulheres acima dos 60 anos e na fase pós-menopausa. Os principais fatores de risco são: obesidade, menarca precoce e menopausa tardia, reposição hormonal com estrogênio de forma prolongada, síndrome do ovário policístico, nunca ter tido filhos, tratamento com tamoxifeno (usado no tratamento do câncer de mama), diabetes mellitus , pressão alta, histórico familiar de síndrome de Lynch ou de câncer colorretal hereditário não polipose (HNPCC)
Um dos principais sintomas do câncer de endométrio é o sangramento uterino anormal ou sangramento após a menopausa. Além disso, dor na pelve, massa pélvica palpável e perda de peso inexplicável.
Para diminuir o risco de câncer no endométrio é recomendado manter o peso adequado, praticar atividade física regularmente, adotar alimentação equilibrada e discutir com o médico riscos e benefícios do uso de estrogênios de forma isolada e prolongada para melhora dos sintomas da menopausa.
Esteja sempre atenta aos sinais do seu organismo e faça uma avaliação anual com o ginecologista. Com diagnóstico precoce, as chances de sucesso no tratamento do câncer são muito maiores.