O câncer é uma doença caracterizada pelo crescimento anormal de células, que pode ocorrer por fatores ambientais (hábitos como tabagismo ou consumo de bebidas alcóolicas) ou genéticos, dos quais os mais conhecidos são as síndromes hereditárias, que são passadas dos pais para os filhos.
No entanto, mais do que a genética entre duas gerações familiares, toda a ancestralidade de uma pessoa pode ter relação com o câncer de mama. Essa é a conclusão de um estudo publicado na revista científica Clinical Breast Cancer, por pesquisadores do Hospital do Amor, de Barretos (SP).
A pesquisa foi feita com mais de mil pacientes com câncer de mama de vários locais do Brasil, com avaliações feitas sobre marcadores genéticos de ancestralidade.
A análise verificava se a frequência dos casos de câncer tem alguma associação com a ancestralidade genética dessas mulheres. E, segundo o estudo, essa relação se observa principalmente em pessoas de ascendência africana e que moram nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Entre essas pacientes, cerca de 43,7% possuem o subtipo HER-2 e 42,2% o triplo-negativo, conhecidos por serem formas mais agressivas do câncer e que se multiplicam de forma mais acelerada.
Isso não significa, porém, que possuir determinada ancestralidade já representa um risco maior de ter um câncer. Até porque, segundo os próprios pesquisadores, os dados foram coletados de pessoas diagnosticadas com a doença - não foi confirmada uma relação direta entre a genética das pacientes com a gravidade do câncer, além do estudo não ter
trabalhado com dados genéticos de quem não teve um câncer.
Ou seja, a ancestralidade foi uma característica observada na pesquisa, mas não como um fator de risco ou a causa principal do câncer. O propósito do estudo não é fazer com que alguém pense que tem um risco maior ou menor de ter a doença por causa da sua ancestralidade, mas sim para ajudar a nortear políticas públicas de saúde, com ações específicas de prevenção às mulheres de determinadas ancestralidades.